Memórias lavadeiras
Remoendo saudosas memórias
numa tarde de verão,
vi as lavadeiras no Riacho do Encanto,
tirando o cheiro das roupas,
falando de
seus sonhos de amor e paixão.
Dona Custodinha a mais extrovertida,
contava seus segredos de namoro
com o Antônio,
o filho do Seu Manoel da padaria,
suas doces palavras de amor carinhosas,
lhe faziam sonhar todos os dias.
As roupas nas mãos esfregando
entre a pedra e o sabão deslizando,
contavam histórias belas e de mal feitos,
agachadas no leito da fonte sensualizando
a saia entre as pernas suas ancas desenhando.
Já Maria toda envergonhada pouco dizia.
Vivia proibido amor marinheiro,
um galante moço vindo das terras do Rio de Janeiro.
O lenço prendia seus cabelos
mostrando seu rosto rosado em magia,
o decote desenhava seu peito os seios
e sonhava com tudo que seu amor prometia.
Lembranças daqueles dias daquele lugar,
e eu ficava entre
elas a rodar
como quem nada queria escutar.
Mas o que eu mesmo pretendia,
era ver e ter
a Maria em meus braços
e nas águas daquela fonte
com ela eternamente morar.
Memorias lavadeiras
flutuam feito bolas de sabão,
brotam em lembranças,
vindas das cicatrizes do coração.
Autor-OdairRibeiro
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