As mulheres não se
arrumam para outras mulheres
Tem vozes e sussurros
nas paredes da casa onde ando.
Sombras nos corredores
dores em todos os cantos.
Melancolia nas gavetas
cheias de roupas finas.
Em outras gavetas
vazias os trapos gargalham feito loucos.
Forças ocultas proíbem
as roupas ansiosas de cobrir aquele corpo.
Perderam a naturalidade
do enfeite, mas os cabides ficam no deleite.
A comida anda sem gosto
o tempero não está no ponto.
As feridas cicatrizam,
mas o passado com suas farpas jorra sangue...
O problema é a razão
que deixa sapatos jogados em qualquer canto.
Outras roupas finas nas
gavetas atrás da porta em outro quarto!
Deixa de cabeça para
baixo a calça e o zíper emperra.
Homem que é homem chora
de amor e no abandono berra.
Ela fica tão linda em
seu pijama de flanela, muito mais no de cetim.
Iludido fico a olhar
pensando que ela se arruma para mim.
Mas dizem: As mulheres
se arrumam para outras mulheres.
Que desilusão...com
esse clima não refloresce o jardim...
E a discórdia, a
inércia a preguiça o desalento ingredientes do amor na UTI.
Na primeira hora da
manhã recebe alta e vai embora.
Nesse dia ela vai
acompanhar um cortejo especialmente para mim....
As mulheres não se
arrumam para outras mulheres.
autor-Odair Ribeiro
autor-Odair Ribeiro
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