quarta-feira, 29 de junho de 2016

Ele estava solitário


Naquela noite ele estava só.
O vento sul imitando lobos uivavam
Entremeios sentimentos confusos.
A casa nova estalava madeira verde.
Ele, já maduro, com sede.
Alanis Morrissete cantava:
“Que eu seja boa mesmo estando gorda...”.
Ele meditava nas palavras da canção:
Que eu seja bom apesar das misérias do mundo,
Apesar das migalhas do afeto da mulher amada.
E o vento cada vez mais forte dobrava os pensamentos,
E o vento varrendo as sujeiras das cidades.
O homem dorme e se pergunta:
Vira outro Cristo?
Outro dilúvio?
O homem dorme.
Virá outro Moisés?
 Outro Buda?
O homem dorme...
A luz no final do túnel quase apagada
Chama o vento sul para reanimá-la.
Despertará o homem?
Olhará para seus pés?
Os abutres disputam os pensamentos putrefatos.
As hienas também.
As formigas “cartesianas” armazenam matéria.
A matéria é ”pó e ao pó voltará”.
Os pensamentos (0s espíritos) são luz e para a luz voltarão.
E o vento e os lobos uivando por entre as frestas do telhado da casa.
Solitário...


Autor-Odair Ribeiro

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